Embargos sanitários internacionais: impactos econômicos potenciais para Santa Catarina

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Embargos sanitários internacionais: impactos econômicos potenciais para Santa Catarina

Por Sandro Medeiros Alves, Auditor Estadual de Finanças Públicas e presidente do SindafSC

 

O recente foco de gripe aviária detectado no Rio Grande do Sul acende um alerta para Santa Catarina, cuja economia apresenta elevada dependência das cadeias agropecuária e agroindustrial. Embora o Estado ainda não tenha registrado casos, a possibilidade de embargos sanitários por parte de países importadores, como medida preventiva, exige atenção redobrada.

A análise dos dados mais recentes, consolidados no Balanço Geral de 2024, revela que mais de 30% das exportações catarinenses provêm da cadeia da carne — com destaque para carne de aves (16,5%) e suína (13,7%). Esta expressiva participação no comércio internacional posiciona Santa Catarina como um dos principais exportadores do país, mas também amplia sua exposição a barreiras sanitárias impostas por mercados rigorosos, como Japão, União Europeia, China e Estados Unidos.

Em 2024, Santa Catarina movimentou US$ 11,66 bilhões em exportações e mais de US$ 33 bilhões em importações, consolidando-se como o segundo maior importador e o décimo maior exportador brasileiro. Boa parte dessa movimentação está vinculada ao agronegócio, setor que também influencia significativamente a arrecadação estadual: das receitas brutas superiores a R$ 71 bilhões no ano passado, mais de R$ 42 bilhões vieram do ICMS, tributo cuja arrecadação depende fortemente das operações agroindustriais.

Diante de um cenário em que países importadores podem estabelecer embargos automáticos ou restrições temporárias como medida de precaução, torna-se ainda mais importante a análise qualificada e contínua de dados públicos. Essa capacidade é resultado de um processo robusto de consolidação contábil, econômica e patrimonial do Estado, que garante diagnósticos precisos para orientar políticas públicas.

Além dos efeitos diretos sobre o comércio exterior, a imposição de embargos sanitários poderia afetar a renda e o emprego em Santa Catarina, especialmente nas regiões cuja economia local é fortemente vinculada à agroindústria. A cadeia produtiva do agronegócio sustenta empresas de grande porte e centenas de cooperativas, compondo uma das bases mais sólidas da estrutura econômica catarinense.

Por isso, é indispensável que as ações públicas, especialmente nas áreas de vigilância sanitária e de gestão econômica, estejam alinhadas a análises integradas e qualificadas. O monitoramento permanente dos dados oficiais é fundamental para antecipar cenários e definir respostas rápidas, que protejam tanto a economia quanto a sociedade catarinense.

Santa Catarina construiu, ao longo das últimas décadas, uma trajetória de desenvolvimento baseada na diversificação econômica e na gestão fiscal responsável. O atual contexto internacional, com foco no rigor sanitário, reforça a importância da articulação entre governo, setor produtivo e sociedade, utilizando informações públicas de qualidade como base para a tomada de decisões.

Seguimos atentos e comprometidos com Santa Catarina, com responsabilidade técnica e foco na proteção da estabilidade econômica e social do nosso Estado.

 

Acesse aqui o resumo do Balanço Geral de SC:

Resumo-Balanco Geral SC 2024 – Versao Final

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