Desde 1979, o contador Abel Guilherme da Cunha atua como contador na administração estadual, tendo iniciado sua carreira na Junta Comercial do Estado. Antes disso já tinha trabalhado na iniciativa privada e na Inspetoria Seccional de Finanças do Ministério da Fazenda em Santa Catarina, entre 1975 e 1979. Em 1987 ele foi para Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/SC) e assumiu a chefia do Serviço de Pagamentos Diversos. Foi Diretor de Administração Financeira e Contabilidade na Secretaria de Educação, Gerente e Diretor da Dívida Pública na SEF/SC e Diretor Administrativo e Financeiro da Secretaria de Administração. Passou pela Santur e ao mesmo tempo substituiu uma colega no Corpo de Bombeiros.
Hoje, Abel está na Unidade de Encargos Gerais da Diretoria do Tesouro Estadual da SEF/SC. Ao falar sobre aposentadoria, Abel diz que não pretende parar agora e planeja trabalhar por mais alguns anos até completar 70 anos. Nesta entrevista ao Sincofaz, ele conta sobre sua trajetória, avalia a evolução do papel do contador e os avanços da tecnologia.
Quais as diferenças mais significativas da época que você começou e hoje?
Estamos vivendo as mudanças da tecnologia. Se for comparar na época que eu estava na faculdade, quando a Contabilidade utilizava livros manuscritos, nada era datilografado, podemos ver hoje muitos avanços. Veio a mecanização, depois a computação e na década de 90 a internet que revolucionou a organização das informações. Hoje estamos na era da Contabilidade digital e aqui temos este novo momento do Governo sem papel sendo que estou gostando muito de fazer parte deste novo tempo.
Então as mudanças acompanharam toda sua trajetória?
Eu gosto muito de um jargão e que sempre enfatizo, que é “Quem não muda, não progride”. Ou seja, quem não está aberto a mudanças dificilmente avança. Eu gosto de mudanças perenes, planejadas e estruturadas, pois trazem benefícios à coletividade, não só ao serviço público, mas a toda a sociedade.
Qual sua avaliação sobre as funções do contador, também houve avanços?
Na realidade, vejo a Contabilidade solidificada como um instrumento de controle, avaliação e registro de informações financeiras, orçamentárias e patrimoniais. Podemos dizer que desde sua formação ela permanece inalterada, agregando-se complementações e adaptações tecnológicas que atendem as demandas atuais.
Mas há mais reconhecimento e valorização da profissão já que ocupa novos papéis?
Com certeza, pois além de gerenciador de informações, o contador está no planejamento e na definição de estratégias. O Governo se vale das informações geradas pela Contabilidade para as tomadas de decisões. Fornecemos desde os dados de comprometimento com gasto de pessoal, despesa de capital, até comprometimento de dívida. Tudo tem base nas informações da Contabilidade.
Quando você iniciou era tudo manual e poucos contadores. Depois começaram a trazer mais profissionais, como foi isso?
A partir de 2002 o Governo começou a investir em nova estrutura com mais contadores. E eu vivi estas mudanças de gestão que anteriormente apresentava dificuldades em dar continuidade aos processos. Geralmente a Contabilidade era feita por gerentes, mas as prestações de contas governamentais precisavam ser entregues aos órgãos de fiscalização até fevereiro do ano seguinte e muitas vezes esta meta não era cumprida, principalmente quando havia troca de gestão e os gerentes novos assumiam com a tarefa de elaborar a prestação de contas do governo anterior e esta ação gerava muitas dificuldades. Assim não existia um gerenciamento continuado, não havia um histórico como nos dias atuais. A vinda de equipes de contadores melhorou muito, pois o Estado sofria ausência de mão de obra qualificada e que cuidasse desta área.
E como foi sua troca de experiências com estes que vinham chegando?
Foi muito interessante, pois a equipe que chegou era altamente qualificada, profissionais com conhecimentos atualizados, pois são de outra geração e chegam com outra visão que vem desde a formação de cada um, já com a era da computação e a era digital. Pude oferecer o conhecimento e a experiência com os processos e sinto-me reconhecido por todos, agraciado, em especial agora quando souberam que completava quatro décadas de serviços prestados ao Estado de Santa Catarina.
Nas funções de Diretor quais eram os desafios?
Muitos desafios. A diretoria de Dívida Pública de 2005 a 2010 exigiu atualização e adequação de muitos procedimentos e conhecimentos. A área cuidava do endividamento interno e externo, portanto envolve habilidade em cálculos de juros e financiamentos, pois eram contratos com Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), (entre outros, e em especial) estes mais vinculados com ações desenvolvidas pelo Departamento de Infraestrutura (Deinfra) e as obras rodoviárias.
Dos avanços tecnológicos, o que pode ser destacado?
A implantação do Sistema Integrado de Planejamento e Gestão Fiscal (Sigef) em 2008 foi um salto. A partir dele temos as informações consistentes, que fornecem transparência e melhora nos controles. Antes para fechar um balanço mensal, demorava 20 dias do mês seguinte e o gestor precisava esperar para tomar uma decisão. Hoje as informações são instantâneas e isso foi muito importante para a categoria. Eu vivi todas estas experiências e transformações e tenho muita satisfação com o trabalho que hoje venho desempenhando junto a Diretoria do Tesouro Estadual, com as funções de Contador da Unidade Encargos Gerais do Estado.